Lutar pra quê?

 


Remar contra uma maré revolta, entre raios e tempestades é o que se pode considerar uma luta pela vida.
E nós, seres humanos, fazemos isso todos os dias, seguimos algo que parece contrário a tudo, sabendo da possibilidade de chegar a lugar nenhum.
Quantos vezes percebo que perdi o remo, que já não tenho forças, mas ainda insisto em lutar, quantas vezes tenho certeza que a luta é inútil, mas mesmo assim gasto até a última molécula de ATP para vencê-la.
Quantas vezes eu me vejo condicionada a lutar, mesmo sem saber porque.
Sinceramente a vida é uma coisa ridícula... e lutar por ela é mais ridículo ainda... é tudo uma questão de tempo... pode ser um ano, uma década, 100 anos... ou o minuto seguinte, ela vai acabar, e não importa o que faça... o que eu tente, o quanto eu queira ficar.
Entre os termos médicos há um chamado ONR (ordem de não ressuscitar), o meu já está assinado... não vou mais lutar... nem tentar... nem deixar que tentem, quando tiver que ser vai ser, o que tiver que ser será.
Prá que insistir... prá que tudo... se no fim eu vou partir... meu coração vai parar... as células morrerão uma a uma...  o cérebro não passará de um pedaço de carne morta, não haverá inteligência, movimentos, sentimentos... dor... nada mais.... só um corpo inerte que esconderão numa gaveta, como um segredo que não deve ser visto, minha carne será destruída por vermes... e nada vai restar...  nem sequer lembranças.

0 comentários: